sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Férias aos 31 no interior de Santa Catarina...

É um pouco diferente de outrora. Não há mais o colorido invadindo praças, sorvetes e horizontes. Há tão somente o preto e branco. No mundo dos adultos, as cores se esmaecem e perde sua luminescência...

Saídas estratégicas, escapes do cotidiano cinza, acontecem de vez em quando, em alguns raros domingos. No último, em especial, tive um lindo arco íris invadindo meu dia. Explico.

Eram quase 7 da manhã, dia primeiro de janeiro, tímido sol amarelo surgia no quente ar do apartamento e o interfone tocou, desesperadamente. Acho que devia ser um garoto debilóide ou, sei lá, carente de atenção. Ele dizia:

- Oi “tia”! Bom dia! Feliz início de ano!

- Ei? Não tem o que fazer garoto? Vai plantar alface! Quer que eu chame a polícia? Foi a resposta mais cordial que pude dar naquele horário e sob tais condições sonâmbulas.

Pois bem, acordada já estava. Planos para o domingo de verão junto de minha filha já haviam. Só mais uns minutinhos... Estava tão fresquinho no quarto com o ar condicionado (meu novo brinquedo, presente de Natal de mim para eu mesma)... Pensei cá com meus botões no caminho dos lençóis pastéis... Eu precisava colocar mais claridade no meu quarto, a cor mogno no guarda-roupa, cama e escrivaninha deixavam o ar muito escuro...
Trim, trim, trim, alô, atende porra! É o seu telefone tocando!!! O celular!!! Atende!!!, esbravejava a música ao lado do meu ouvido às 7:35 da madrugada!!!
- Alô? Mãe? Ah, sim. Fala.
- Sabe o que é filha? Pensei melhor no seu convite e quero ir com vocês lá. Não sei se vou à piscina, mas acompanho vocês no passeio e blábláblá...
Conclusão: os planos do domingo de lazer com minha filha contariam também com a minha mãe. Melhor assim.

Montar a mochila então era a primeira tarefa do dia. Era só colocar umas coisinhas... Toalhas de banho (tinham de ser a verde e laranja que usamos para praia), a canga de praia dos peixinhos e motivos marítimos, duas mudas de roupa: para mim – preto com amarelo e laranja e para a pequena notável – rosa, hidratante pós-sol, protetor solar 50 para rosto e mãos, protetor 30 para ombros e costas, protetor 15 para barriga, bumbum e pernas, papel higiênico, modess no caso de qualquer emergência, pasta e escova de dente, pente, aspirina adulto e infantil, perfume (ah, o vidrinho pequenininho para caber na frasqueira), desodorante adulto e o teen, lápis de boca vermelho carmim e o batom gabriela, manteiga de cacau para lábios, lixa de unha, camisinha de Vênus (não sei porque carrego isso!), espelho... Agora montar o isopor com lanchinhos... Juntar pão, margarina e queijo mussarela, umas laranjas, faca, guardanapo, iogurte, suco de maçã... Pronto! Ah, sim, pegar as cadeiras de praia, guarda-sol, bola de volley, ... Ufa! Acho que é isso. Ah, sim... Antes conferir se os celulares estão com bateria e ligados, pegar a máquina fotográfica... Buscar a mamãe lá na casa dela... Passar no posto de combustível para checar óleo, gasolina, calibrar pneus... Tirar alguns reais no caixa eletrônico... Ufa, de novo! Agora dá para irmos para a estrada em busca de aventura, certo? Certo! Lá vamos.

A água parecia cheia de musgo, quase cor de azeitona verde e preta misturada com berinjelas. Hora parecia azul-petróleo, hora verde-musgo, hora meio marrom, hora lilás. Como pode ser tão verde-oliva? Deveria ser azul-piscina, pensei. Confidenciei minha preocupação com a pequena notável e ela prontamente concordou comigo. Qual filha de nove anos discorda da mãe?
A explicação dada pelo dono, questionado do tom da piscina, era simples: não se tratava de piscina, era um arcabouço de água natural. O fundo, ainda sem concreto, tinha tão somente terra e barro, tampado com lona e areia grossa por cima disto tudo. As paredes, na lateral, tinham concreto apenas nas bordas e, outra lona servia como separador e isolante entre a terra e a água. A cor esverdeada, segundo o proprietário, se dava porque era um lago natural, com mínima intervenção do homem.

Explicado estava... Aceito? Nem tanto. Mas não fomos parar lá ao acaso... Eu busquei informações sobre o local com meus colegas de trabalho. Só boas recomendações...
Coragem! O local está repleto de turistas! Eu pensava com meus botões... Enchi o peito de ar puro vindo dos eucaliptos e as árvores do entorno, fechei os meus olhos castanhos e "béticos", já na beirada do “lago verde-azul piscina quase natural” e pulei naquela água. Minha vibrante filha pulou em seguida.

Repetir a dose? Sim, sem dúvida. mas quero cor azul piscina da próxima vez. Os meus cachos que digam! Talvez no Lago Dourado então...

Feliz é aquele que busca mais do que o preto e branco. Feliz é aquele que experimenta novas cores e as compartilha.

Nenhum comentário: