sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Férias de Verão, a moda paulista.

Férias são boas quando se é criança, de preferência que se more numa cidade grande. Ah, é preciso também que seja longe da praia. Assim dá para ser feliz nas férias!

A criança comemora festivamente o fato de não ter de ir à escola, poder dormir tarde e acordar mais tarde ainda. A graça de transcender regras tão rígidas dos dias letivos é referendada todas as noites.

Nas cidades maiores e distantes do litoral, como São Paulo, férias escolares significam “liberdade”. Há jogos com bola, ali na rua, defronte do muro de nossa casa, a molecada vive “solta” nos pátios dos prédios e as praças estão sempre cheias de colorido. As pracinhas são um charme a parte: desde as roupas leves de verão como os sorvetes e até o algodão doce, competem para ver quem se apresenta com maior aquarela.

Lembro-me da turma de volley, éramos umas três ou quatro meninas. Estudávamos juntas o ano todo e morávamos próximas umas das outras, em Moema. Eu devida ter uns treze ou quatorze anos... A diversão era, após o volley, aventurar-se. Então pulávamos o muro do prédio para apanhar tomates no vizinho. O morador que se via assaltado todo verão já tinha mais de setenta anos e ao invés de fazer jus à fama dos avós, bonzinhos e complacentes, era irritadiço. O vovô bravo furava todas as nossas bolas, quer dizer, as bolas azaradas que caiam sobre seus tomateiros. Tínhamos medo de dele, mas após o sucesso da empreitada, voltávamos ao apartamento de Ercília, mergulhávamos os tomates ainda verdes no sal, e comíamos, como se azedos não fossem, mas deliciosos.

O melhor era isso: ríamos, ríamos do medo que ora passávamos do velho irritado que não conseguia colher tomates maduros (colhíamos antes de amadurecer). Ríamos, sobretudo de nós mesmas.

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